Tati Machado retornou ao “Saia Justa” nesta quarta-feira (10), quatro meses após perder o filho, Rael, na reta final da gravidez. A apresentadora, que também cobre as férias de Ana Maria Braga no “Mais Você”, chorou ao falar da morte do bebê e comemorou a volta ao trabalho em meio ao luto.
"Estar de volta é uma forma de ocupar um pouco a minha cabeça, porque chega um momento em que ela fica vazia”, declarou Tati.
Tati, que viveu situação idêntica à da atriz Micheli Machado, também relatou sobre a retomada da rotina de uma maneira bem diferente da sonhada. "Veio o corte seco. Eu estava aqui um dia e, no outro, não estava mais. Eu estava no fundo do poço, até mais baixo que o fundo do poço. É um pouco estranho, estou de volta em algo que não planejei, mas muito feliz de estar de volta. Eu me planejei para ter um filho no meu colo, para escutar um chorinho, limpar a fralda, eu me planejei para viver isso, e eu não vivi isso, meu colo estava vazio", lamentou.
Apesar do momento traumático, a global consegue refletir sobre tudo que passou de forma carinhosa. “Eu tenho uma marca para o resto da minha vida, eu vou caminhar com essa marca e ela está cravada no meu coração. Fico pensando que, de alguma maneira, vivi o melhor momento da minha vida."
Tati chegou a pensar que preferia não ter ficado grávida, mas ressignificou o sentimento. "Eu faria tudo de novo, mesmo que terminasse da mesma forma. Porque é muito amor. Em dado momento da nossa vida, faltou tudo, faltou chão, ar, vontade de viver, de acordar, de tudo. Mas nunca nesses noves meses faltou amor. Então, se não faltou amor, eu toparia viver tudo de novo.”
Embora nem sempre seja possível determinar as causas, complicações de hipertensão, diabetes e doenças autoimunes, além das complicações da própria gestação e doenças genéticas, podem estar relacionadas ao óbito fetal. Trombofilias e algum tipo de deslocamento também estão entre as causas possíveis. É importante avaliar o cordão umbilical, que pode ter sido acometido por algum tipo de prolapse.
“10 a 20% dos óbitos fetais acontecem com crianças que têm alguma doença genética, alguma alteração cromossômica. Além disso, precisamos pesquisar se há algum tipo de infecção. Em países subdesenvolvidos, as infecções são responsáveis por 50% dos óbitos fetais, incluindo toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, sífilis, zika, Covid, pneumonia e bactérias que podem colonizar esse bebê, levando ao óbito”, explica o ginecologista e obstetra Dr. Nélio Veiga Junior, mestre e doutor em Tocoginecologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Segundo a assessoria de imprensa de Tati, a apresentadora passou por um processo de parto, o que é o mais recomendado, segundo o doutor.
“De forma geral, sempre se opta por um parto vaginal, por uma indução de um trabalho de parto. Isso ajuda auxilia, inclusive, no processo de óbito para essas famílias. Em algumas poucas situações, a indicação é para uma cesárea, para um procedimento cirúrgico de forma imediata, geralmente em casos em que a paciente tem múltiplas cesáreas, se há quadro de instabilidade, um descolamento de placenta ou se o bebê não está bem posicionado para um parto vaginal”, explica o médico.
Por fim, o especialista destaca a importância do acolhimento a estas mães. “Precisamos acolher essa paciente, juntar a família, reunir todas as informações sobre o caso, explicar de forma precisa o que aconteceu. É preciso que a paciente tenha à sua disposição uma equipe capacitada e multidisciplinar, capaz de traçar uma estratégia de como a situação será conduzida a partir daquele momento. E todos os acompanhantes podem ficar com a paciente, caso seja seu desejo, e ela precisa ter todo o suporte para esse momento de luto.”