Nesta segunda-feira (29), Taís Araújo roubou a cena na Semana de Moda de Paris ao desfilar para o Le Défilé L’Oréal Paris 2025, realizado em frente ao histórico Hôtel de Ville, na Cidade Luz. A atriz surgiu deslumbrante em um vestido tubinho de renda vermelha, com transparências ousadas na parte superior, boca marcante no mesmo tom e cabelo alongado por extensões. O look ainda trazia um laço máxi na barra, contrastando com o comprimento míni da peça.
Para os fãs, foi impossível não lembrar da personagem Raquel Acioli, de "Vale Tudo", que tem um visual bem diferente do exibido na passarela, já que toda essa opulência contrasta com o papel atualmente defendido por Taís no remake da TV Globo. Não demorou para que a web começasse a ironizar uma possível "indireta fashion" para a autora Manuela Dias, responsável pela nova versão da trama.
Em 2025, o evento da L’Oréal propôs um novo lema: “Liberdade, Igualdade, Sororidade, Porque Você Vale Muito”. O palco, que já foi cenário da Revolução Francesa, reuniu estrelas internacionais como Viola Davis, Kendall Jenner, Heidi Klum e Cara Delevingne. O Brasil foi representado pela esposa de Lázaro Ramos, porta-voz da marca há 15 anos e que no ano passado já havia encantado a passarela com um vestido dourado, além da cantora Anitta.
Enquanto arrancava aplausos na passarela, a atriz também segue no centro de debates sobre o destino de sua personagem. O remake de "Vale Tudo", assinado por Manuela Dias, vem recebendo críticas nas redes sociais por mudanças consideradas incoerentes em relação à versão original de 1988.
Na trama clássica, Raquel, interpretada por Glória Pires, superava dificuldades, fundava a bem-sucedida Paladar e se tornava símbolo de independência feminina. Já na releitura, a personagem até conquista sucesso, mas perde tudo rapidamente e retorna à praia para vender sanduíches, em situação de vulnerabilidade frente a rivais como Heleninha (Paolla Oliveira) e Celina (Malu Gali).
Em entrevista à revista Quem, Taís admitiu ter se surpreendido negativamente com os rumos da história. “Esse momento da Raquel voltar a vender sanduíche na praia, confesso que recebi com um susto. Porque não era a trama original. Então, para mim, a Raquel ia numa curva ascendente. Quando vi aquilo, falei: ‘Ué, vai voltar para a praia, gente’”, contou.
A atriz ainda destacou que, como mulher e artista negra, esperava outra abordagem: “Também tinha a esperança disso [de Raquel se tornar poderosa e bem de vida] e gostaria muito de vê-la assim. Como mulher negra, queria ver uma outra narrativa sobre mulheres negras”.
O público não poupou críticas a Manuela Dias. Nas últimas semanas, a autora foi acusada de racismo por parte de internautas, que rejeitaram a narrativa considerada “perdedora” de Raquel. “Esse enredo da Raquel escancara duas coisas sobre Manuela Dias: ela é racista e uma PÉSSIMA escritora. É realmente explícito”, disparou um usuário no X (antigo Twitter).
Sem citar diretamente a polêmica, Taís reforçou que acompanha o debate e se solidariza com os telespectadores: “Estou vendo tudo que as pessoas estão falando, tá, gente? Vendo, escutando, lendo, entendendo. Me alio para caramba com vocês nesse sentimento. Inclusive, às vezes de frustração. De querer outro movimento”.
No fim, a atriz fez um apelo para que a teledramaturgia amplie o espaço das personagens negras: “É urgente que a gente se veja nesse lugar. A Raquel tinha todas as condições de representar essa nova narrativa. Quando vejo que isso não aconteceu, confesso que fico triste e frustrada”.
Para Taís, a ficção deve inspirar e abrir caminhos: “Está na hora de ver a população negra nesse lugar. A vida do empreendedor não é fácil, mas conhecemos muitas histórias de sucesso. A ficção também serve para a gente se sentir possível, para sonhar. Ela tem sim um papel de responsabilidade na construção da narrativa de um país”.