
A Beija-Flor de Nilópolis, segunda escola a desfilar pelo Grupo Especial do Rio de Janeiro nesta segunda-feira (3), se despede de um de seus maiores ícones. O Carnaval carioca foi surpreendido com a notícia da aposentadoria de Neguinho da Beija-Flor. Após cinco décadas como intérprete oficial da escola, o sambista, que chora emocionado em seu último ensaio, anunciou sua despedida do cargo que o consagrou como um dos grandes nomes do samba-enredo. A decisão, amadurecida ao longo dos anos, levanta questionamentos sobre seu futuro e a possibilidade de vê-lo em outra agremiação, segundo informações do Splash UOL.
Neguinho da Beija-Flor revelou que sua saída foi pensada com cautela. “Eu já estava amadurecendo essa ideia havia uns três anos. Eu tinha um substituto. Vinha preparando um menino, o Bakaninha, que teve uma fatalidade, um acidente de carro, e veio a falecer. A partida do Bakaninha me fez tomar essa decisão”, contou o cantor em entrevista ao programa ‘Fantástico’, da TV Globo.
A perda do pupilo e a exaustiva rotina do Carnaval pesaram na escolha. Ele comparou sua atuação na Sapucaí à resistência de maratonistas, explicando que cantar por uma hora e meia sem parar e repetindo a mesma música é um esforço sobre-humano. Além disso, procurou auxílio psicológico para lidar com a despedida da função que ocupou por tanto tempo. “Estou trabalhando essa parte da minha parada com o carnaval, porque é difícil. O povo [fica] gritando: ‘Neguinho, Neguinho, fica, fica’”, relatou.

Apesar das especulações sobre sua permanência no Carnaval, Neguinho foi categórico ao afirmar que não pretende assumir o microfone principal de outra escola. “Não, não, não. No caso, até se for empurrando o carro, ajudando na harmonia, é Beija-Flor sempre, Beija-Flor até o fim”, enfatizou.
Com essa declaração, o sambista reforça sua fidelidade à agremiação que o consagrou e afasta qualquer possibilidade de mudança. A história de Neguinho está entrelaçada com a da escola de Nilópolis, sendo impossível dissociá-lo do azul e branco da Beija-Flor.
Embora Neguinho tenha reafirmado seu compromisso vitalício com a Beija-Flor, a história do samba já viu grandes intérpretes trocando de pavilhão. Nomes como Wantuir, que passou por várias escolas, e Tinga, que deixou a Vila Isabel para se consagrar na Tuiuti, mostram que essas mudanças não são incomuns.

Entretanto, a relação de Neguinho com a Beija-Flor sempre foi de devoção. Diferente de outros intérpretes, ele nunca defendeu outra escola no Grupo Especial, o que fortalece ainda mais sua promessa de fidelidade à agremiação de Nilópolis.
Nas redes sociais, internautas expressaram emoção com a despedida do cantor. "Não tem Carnaval sem Neguinho! A Beija-Flor perde um ícone", explicou um usuário. "Ele fez história. Respeito total à sua decisão", comentou outro. "Vai fazer falta, mas que lindo ver essa lealdade à Beija-Flor", escreveu um terceiro.
A aposentadoria de Neguinho da Beija-Flor marca o fim de uma era no Carnaval carioca. Seu nome, no entanto, continuará eternizado nos sambas que ajudou a imortalizar e no coração dos apaixonados pelo desfile da Beija-Flor de Nilópolis.