






O mundo conheceu, nesta quinta-feira (08), o novo líder da Igreja Católica, Papa Leão XIV. Apesar de muito comparado ao Papa Francisco, especialmente, pela similaridade no discurso sobre proteção às populações mais vulneráveis, os dois têm uma diferença fundamental: as ordens religiosas.
Recebe o nome de ordem religiosa um grupo de pessoas dentro de uma religião que segue um estilo de vida específico, com os próprios votos religiosos e missões.
“Antigamente, vivia-se nos mosteiros e, por lá, era seguida uma ordem, uma lei de como se comportar e do que fazer”, resume Paulo César Limongi de Lima Filho, doutor em Sociologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e especialista em temas como Igreja Católica, história das religiões e teologia da libertação.
Leão XIV segue a Ordem de Santo Agostinho, baseada nos princípios de um grande pensador do cristianismo. Uma das principais características dos agostinianos é a busca pela vida em comunidade. “É bem importante ter vida comunitária, viver em comunidade de modo harmônico e com amor no coração. O amor é muito importante. Quando eu digo ‘amor’, não se trata de amor romântico e, sim, de levar paz às pessoas”, explica o doutor.
Outro conceito defendido por esta ordem é a interioridade. “Estar a par de Deus a partir do seu interior”, completa Paulo. A flexibilidade pastoral e a busca pela verdade também são tradições marcantes dos agostinianos “Serviços são importantes e tem que aliar esses serviços a essa interioridade. Você chegar a Deus através da oração, da razão”, diz o especialista.
A busca constante pelo diálogo e a caridade fraternal são atributos dos agostinianos que devem impactar bastante no papado de Leão XIV. “É um papa que vai tentar interferir mais na questão das relações internacionais, tentando fazer isso de modo mais pacífico. Acho que vai ser uma política externa mais voltada à paz, a espalhar essa mensagem de paz e harmonia que é característica da Ordem Agostiniana. Se voltar para fora e olhar as relações internacionais, tentar interferir mais nesses conflitos e guerras, talvez, seja uma das características”, avalia o doutor.
Apesar de o nome sugerir uma ligação com a Ordem Franciscana, o Papa Francisco estava associado à Ordem Jesuíta, também conhecida como Companhia de Jesus. A principal particularidade, doutor Paulo destaca, é o caráter missionário.
“Ambos são missionários, mas a Companhia de Jesus é bem missionária no sentido de ir para outros países pregar o evangelho, a partir da adaptabilidade à cultura local”, diz. A adaptabilidade cultural, aliás, é outro forte padrão da Companhia de Jesus. “É muito importante levar em consideração a cultura local”, ele complementa.
A Ordem Jesuíta também preza por uma ordem hierárquica interna muito definida, com máximo respeito ao papa, e uma forte disciplina, características vistas no papado de Francisco. “O que Francisco levou da Companhia de Jesus para seu papado foi uma organização interna muito maior da Igreja”, reforça o cientista social.