
'Vale Tudo' perde no capítulo desta terça-feira, 22, um dos seus personagens mais queridos: o sonhador Rubinho. A triste morte do pai de Maria de Fátima (Bella Campos) deixa uma lacuna enorme que, provavelmente, será sentida por grande parte dos fãs da novela.
Afinal de contas, a pergunta 'Rubinho morre’ já circulava intensamente na internet, como uma espécie de curiosidade e luto precoce.
Interpretado com sensibilidade por Julio Andrade, Rubinho representava uma masculinidade frágil e afetiva, rara nas novelas atuais. Ele não foi um bom pai, tampouco um bom marido, mas encanta com seu bom humor e jeito quase infantil de ver o mundo e seus sonhos com Nova York. Seu amor fraternal por Raquel (Taís Araújo) o revela um ser grandioso e carente a mesmo tempo.

Grande parte do carisma de Rubinho se deve ao seu intérprete, Julio Andrade. Conhecido por sua entrega em papéis intensos como em ‘Sob Pressão’, o ator trouxe profundidade a um personagem que podia facilmente cair na caricatura. Sua atuação transformou Rubinho em alguém complexo e inesquecível.
Rubinho expressa seus desejos de viver em Nova York, assim como Eugênio, vivido por Sérgio Mamberti em 'Vale Tudo' de 1988, citava suas frases de cinema, outro sonhador.
Se Manuela Dias tivesse mantido a característica principal do mordomo nas mãos de Luís Salém, o personagem seria outro grande marco do folhetim.

Longe de uma torcida ferrenha, os demais homens são sofríveis. O Ivan, de Renato Góes, é um chato; o Poliana, de Matheus Nachtergaele, é o verdadeiro amigo para todas as horas, mas quem conhece a carreira do talentoso ator sabe que já viu do mesmo, e César, de Cauã Reymond, está robótico, ainda mais as polêmicas envolvendo Bella Campos e o seu intérprete enfraqueceu o cafajeste.
Sobra para Alexandre Nero abrilhantar a novela com seu inescrupuloso e divertido Marco Aurélio. Carismático, Nero encanta em todos os trabalhos, e foi a escolha certa para viver o malvadão.
Mais colorido do que Reginaldo Faria, Nero tem tirado os melhores momentos da trama ao encarar o desprezível patrão. A palavra 'monocromática' nunca foi tão falada como agora, expressão que o empresário usa para esculachar o figurino de Aldeíde (Karine Teles).
Sem Rubinho, ‘Vale Tudo’ segue com foco nas mulheres - Odete, Heleninha, Raquel e Maria de Fátima são à prova viva -, mas ainda falta o equilíbrio masculino para potencializar a pluralidade do Brasil.