De uso milenar e vindos diretamente da natureza, os chás são aliados da saúde de Gisele Bündchen. Mas será que eles realmente ajudam a tratar inflamações no organismo? E, afinal, por que o corpo inflama?
"Adoro chás porque sempre me fazem bem. Eles podem ajudar na digestão depois do almoço, a acalmar e, se você estiver resfriado, eles são incríveis", disse a top model em post no seu Instagram.
O potencial anti-inflamatório dos chás está relacionado, principalmente, ao conteúdo de polifenóis e flavonoides, compostos bioativos com ação antioxidante. Ainda assim, os estudos clínicos em humanos que comprovem esses efeitos de forma robusta ainda são limitados. A Anvisa diferencia os chás de uso alimentar dos considerados medicinais. Alguns, inclusive, são classificados como fitoterápicos, sempre apresentam contraindicações. Por isso, a recomendação é buscar orientação profissional antes de incluí-los na rotina.
“Embora promissores, os chás devem ser utilizados como coadjuvantes e não substituem terapias médicas. A resposta clínica pode variar conforme o perfil inflamatório do paciente, hábitos alimentares, estilo de vida e pela concentração dos ativos presentes”, explica a nutróloga Isolda Prado, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) ao G1. "É preciso cuidado. Algumas podem ser tóxicas e causar efeitos adversos”, alertou a médica Patrícia Berilli.
Entre os mais estudados estão:
- Camomila (Matricaria recutita L.) – feita a partir das flores, tem apigenina e flavonoides, que podem reduzir levemente processos inflamatórios e auxiliar no sono.
- Chá verde e chá preto (Camellia sinensis) – ricos em catequinas, possuem efeito antioxidante e podem reduzir inflamação sistêmica, melhorar a saúde vascular e auxiliar na prevenção de doenças crônicas.
- Erva-doce ou funcho (Foeniculum vulgare) – preparado a partir dos frutos, ajuda em cólicas, gases e apresenta leve ação anti-inflamatória graças ao composto anetol.
- Hortelã (Mentha piperita) – com folhas e ramos, atua sobre desconfortos digestivos e pode ter efeito anti-inflamatório local.
Estudos também sugerem que chás como o verde, preto e oolong modulam a microbiota intestinal, favorecendo a barreira do intestino e reduzindo inflamação sistêmica. Uma pesquisa publicada em 2010 na revista Science, por exemplo, mostrou que a ingestão de chá preto por 12 semanas reduziu em até 53% os níveis de proteína C-reativa, marcador inflamatório associado ao risco de doenças cardiovasculares.
Segundo especialistas, a inflamação é uma resposta natural do organismo, mas pode se tornar crônica quando há desequilíbrios constantes no estilo de vida. Entre as principais causas estão:
- Alimentação inflamatória: excesso de frutose, gordura trans e aditivos químicos.
- Estresse crônico e poluentes: aumentam a produção contínua de cortisol e adrenalina.
- Sedentarismo e falta de sono: reduzem defesas antioxidantes e elevam hormônios inflamatórios.
- Tabagismo e álcool em excesso: provocam danos oxidativos e prejudicam a microbiota intestinal.
- Obesidade e resistência à insulina: o tecido adiposo visceral libera citocinas inflamatórias.
- Doenças autoimunes e infecções: mantêm o sistema imune em alerta constante.